Coordenadas
Por onde ando nesse mundão?
📍 23°46'43.7"S 45°23'58.2"W
🐋 Quando a gigante do oceano deu o ar da graça, meus olhos encheram de lágrimas. Eu trabalharia na National Geographic de graça, com certeza. Amo animais em toda sua majestade, quaisquer que sejam eles. Mas me arrependo de invadir seus espaços vez ou outra.
🎧 Aleatoriedade
Para ouvir enquanto faz sua leitura
Uma música aleatória em minha playlist que me levou ao ano de 1982, imediatamente, enquanto escrevia esse texto. A música tem esse poder de teletransporte. Ao menos comigo.
🦒 Meus rolês e os arrependimentos
Eu evito zoológicos, atrações com golfinhos ou qualquer outro espetáculo que use animais para entretenimento, pois acredito que eles não deveriam ser tratados como objetos de diversão.
Mas admito que às vezes cometo meus deslizes.
O último deles foi quando participei de uma degustação em uma fazenda na Indonésia, onde experimentei o famoso Kopi Luwak ou Café Civeta. A bebida é produzida a partir de grãos extraídos das fezes da civeta, um pequeno mamífero nativo das ilhas de Sumatra, Java, Bali e Sulawesi, na Indonésia, além de Madagascar e Filipinas. É conhecido como o café mais caro do mundo. Só percebi quão problemática a situação quando, ao brincar com uma civeta, perguntei sobre seus hábitos e me disseram que ela era noturna. E estava ali, em plena luz do dia.
A civeta estava à disposição para nosso entretenimento, tirando fotos e interagindo com turistas. Outras estavam em cativeiro, sendo forçadas a consumir e excretar grãos de café para que um grupo privilegiado, do qual infelizmente me incluí, pudesse degustá-lo.
Outro episódio que me fez refletir foi minha visita ao Santuário de Girafas, uma reserva dedicada à conservação e educação ambiental. Eles oferecem programas para escolas e instituições para promover a conscientização sobre a vida selvagem, mas, as girafas acabam passando o dia inteiro à disposição dos visitantes.
Essas experiências me fizeram questionar a ética do turismo envolvendo animais. Precisamos repensar nossa relação com eles, evitando práticas que os submetam a estresse e sofrimento apenas para nosso prazer. O turismo consciente é essencial para garantir que respeitemos e preservemos a majestade da vida selvagem em seu habitat.
🐋 Avistamento de Baleias
No último final de semana, estava apreensiva, temendo mais uma vez me arrepender de invadir o espaço dos animais, na ocasião, das baleias.
Acordei às três da manhã para viajar até o litoral norte de São Paulo, uma região que recebe a visita das baleias-jubarte, que migram do Polo Sul para as águas mais quentes, para se reproduzirem e amamentarem seus filhotes.
As baleias são avistadas entre os meses de junho e agosto, em São Sebastião, quando deixam as águas geladas da Antártica em busca de condições mais favoráveis para a reprodução e cuidado dos filhotes. A rota delas passa por várias regiões da costa brasileira, sendo frequentemente vistas no Arquipélago de Abrolhos, na Bahia, e seguindo em direção ao norte.
Em São Sebastião, as baleias utilizam as águas tranquilas e protegidas da região como uma espécie de "berçário" natural.
🐋 Respeito e Conexão
O comandante da embarcação em que eu estava mostrou um profundo respeito pelas baleias e recusou-se a se aproximar demais delas, apesar dos pedidos dos passageiros. Ele dizia:
Elas são curiosas. Desligamos a lancha e deixamos que elas se aproximem, se quiserem.
E elas quiseram.
Avistamos três baleias. Uma delas era um filhote. Curiosas e amigáveis, elas se aproximaram. Chorei ao vê-las tão perto, fazendo seus sons característicos, exibindo suas caudas e passeando ao redor das embarcações.
Elas se sentiam seguras, mesmo diante de nós, seres humanos muitas vezes mimados e não confiáveis, que podem, a qualquer momento ou a qualquer custo, violar leis e invadir espaços em nome da diversão.
🧭 A Bússola
O fim de semana foi intenso e facilitei mais um encontro bem intimista no sábado. Todos os workshops e jornadas que trago à existência têm temas de viagens ou expedições.
Enquanto ouvia as conversas do comandante durante o avistamento das baleias, percebia a importância da bússola.
Venha até o grau 150 no sul, elas estão aqui.
Estávamos no meio do nada, em mar aberto, com muita neblina, mas não estávamos perdidos. Alguém com uma bússola soube chegar até ali e nos levaria de volta à costa. Os barcos que, por algum motivo, não sabiam onde estavam ou para onde iriam, tinham nosso comandante na orientação via rádio.
A vida é uma grande metáfora e levo isso em consideração enquanto preparo meus workshops. Cada experiência de viagem torna-se uma oportunidade de compartilhar um peça encontrada durante a expedição ou, uma experiência de um mergulho mais profundo.
Esse mês tem mais uma edição de A Bússola, caso você queira entender mais sobre valores pessoais, numa abordagem prática e através de atividades aplicadas, as inscrições já estão abertas.
📚 Próxima Edição
Ontem teve encontro do Club Escreva, para discussão do livro Virgínia Mordida, de Jeovanna Vieira. Estou preparando minhas considerações por aqui, humildemente.
Eu te vejo na semana que vem.
tenho muitas ressalvas também em relação a lugares onde animais são tratados como entretenimento…
Eu, que não vi ao vivo, me emocionei com a baleia. Imagina estar lá, respeitando o espaço dela.