#110 Idris, Vergonha & Eclipse
Sinceramente, não acredito que esses temas se relacionem
📷 Deveria me envergonhar?
A Bíblia diz que não devemos cobiçar a ‘mulher do próximo’; procurei o trecho que fale sobre cobiçar o ‘homem da próxima’ e não encontrei. Senti um certo alívio, porque sim, eu cobiço o marido da Sabrina há anos. Desde o tempo em que caminhava pelas ruas de Hackney, na Inglaterra, onde ele nasceu.
Falo sobre esse bairro aqui nesse texto, quando aprendi um pouco mais da segregação racial inglesa com meu ex-crush londrino.
Coordenadas
Por onde ando nesse mundão?
📍 25°13'09.5"N 55°16'53.4"E
A vida me presenteou com vários momentos marcantes e um deles foi estar perto de Idris Elba, a quem eu chamava carinhosamente de “meu marido”. O encontro foi no Museu do Futuro, em Dubai. Já o havia visto de longe, seja como DJ em Ibiza ou em eventos na Inglaterra durante o tempo em que morei lá. Mas foi em Dubai que pude finalmente contemplar não apenas sua beleza (sim, ela é real!), mas também sua simpatia e profundo engajamento em questões sociais e de sustentabilidade, especialmente na África. Sua evidente admiração pela esposa, Sabrina, e seu compromisso com causas importantes apenas aumentaram minha admiração por ele. Um encontro rápido, mas que me deixou encantada por sua presença autêntica, genuína e cheia de humildade, afinal, ele deixou Sabrina brilhar naquela noite.
Tenho dois posts falando sobre meu encantamento na época. O primeiro com foco na Sabrina e outro no meu marido, digo, no marido dela ahahaha.
🎧 Last Heartbreak Song
Para ouvir enquanto faz sua leitura
Sempre fico encantada ao ver artistas africanos ganhando espaço em palcos globais. Este ano, no VMA do último 11 de setembro, Ayra Starr brilhou ao ser indicada na categoria de Melhor Clipe de Afrobeats com sua música "Last Heartbreak Song". Para mim, não é só sobre a indicação, mas o que ela representa.
Ayra, jovem e poderosa, trouxe ao mundo uma parte da nossa alma africana com suas batidas e letras que conectam culturas. Embora a vitória tenha ido para Tyla com o hit "Water", a presença de Ayra é um lembrete de como o Afrobeats e a música africana estão conquistando corações e mentes ao redor do mundo. Sinto essa vibração, esse pulso, ecoando não só em mim, mas em todas que trazem África no coração.
Ver Ayra ali, ao lado de nomes como Burna Boy e Tems, reforça que estão escrevendo outra história no cenário musical global. O som que antes ecoava nas vielas e nas festas de rua da Nigéria ou bairros específicos de Londres, agora conquista os palcos mais grandiosos. Isso é mais que uma conquista musical: é um movimento, uma afirmação de que a arte e a cultura transcendem fronteiras.
E eu? Eu continuo aqui, inspirada por essas histórias e por essa jornada coletiva. Somos uma batida que não para de ressoar.
🌑⚖️🌺 A Jovem Mística
Hoje o céu está caprichando com um eclipse lunar e, de quebra, estamos nos aproximando do equinócio de primavera. Por isso trouxe a edição um pouquinho mais cedo, para dar tempo dos jovens místicos refletirem sobre o assunto, caso não tenham se atentado.
Equinócio é aquele momento em que o dia e a noite têm a mesma duração, trazendo o equilíbrio que tanto buscamos. O eclipse nos lembra que, assim como a Lua, passamos por fases de luz e sombra. Primavera chegando, é tempo de florescer, de renovar energias e deixar para trás o que não nos serve mais.
Tanto o equinócio, quanto a primavera iniciam no próximo domingo, dia 22.
O quanto de jovem místico há em você? Comenta aqui comigo.
🎥 A vida imita a Arte
Nesta edição, decidi trazer o filme Luther: O Cair da Noite para reflexão, já que aborda um tema que estou estudando na pós-graduação em Psicologia Positiva: a vergonha.
Poderia ter trazido qualquer livro, áudio ou vídeo da Brené Brown, conhecida em particular por sua pesquisa sobre vergonha e vulnerabilidade, mas fui parcial ao trazer um filme estrelado por Idris. Mas não só ele, Cynthia Erivo deu um show de atuação também.
No filme, a vergonha se torna uma arma psicológica usada pelo vilão para manipular suas vítimas, um paralelo interessante com o que estudamos sobre como essa emoção pode paralisar e impactar profundamente as decisões humanas. Juntar essas duas perspectivas — cinema e psicologia — me inspirou a explorar esse tema por aqui.
🎬 Panorama
Luther: O Cair da Noite, lançado em 2023, é um thriller que expande o universo da série britânica Luther, da qual eu era fã. Idris Elba, sempre impecável, retorna como o detetive John Luther, desta vez tentando capturar um serial killer que usa tecnologia para manipular suas vítimas. A tensão aumenta quando Luther escapa da prisão e parte para um confronto com o vilão, em uma narrativa repleta de ação e reviravoltas.
O filme mantém aquela atmosfera densa e intrigante da série, mas com uma escala maior, pensada para o cinema. Além de Idris e a incrível Cynthia Erivo, conta também com o versátil Andy Serkis, todos britânicos, que me levaram aos bons e velhos tempos de um inglês bem diferente do hollywoodiano. Para os fãs, como eu, é mais um capítulo envolvente na jornada de Luther, cheio de questões como culpa, obsessão e a eterna busca por justiça — no caso dele, muitas vezes, com as próprias mãos.
🫣 Como anda sua reputação?
No filme uma das coisas que mais me impactou foi a forma como as vítimas preferiam a morte à exposição pública de suas vergonhas e segredos. Essa escolha extrema me fez refletir sobre o quanto nossas emoções podem nos prender, especialmente o medo do julgamento e a vergonha.
A Neurociência explica que esse tipo de reação intensa ao medo e à vergonha está ligada ao funcionamento do nosso cérebro, especialmente ao papel da amígdala, que processa o medo, e ao córtex pré-frontal, que regula o comportamento. Quando estamos emocionalmente sobrecarregados, a parte racional do cérebro pode ficar enfraquecida, levando-nos a decisões impulsivas e desesperadas.
Como alguém que valoriza o autoconhecimento, percebi o quanto o filme toca em um ponto central da Inteligência Emocional: a falta de controle sobre nossas emoções pode nos levar a tomar decisões desesperadas. O vilão manipula a vulnerabilidade emocional das vítimas, explorando seus medos mais profundos. Isso me fez pensar em como a capacidade de reconhecer e lidar com nossas emoções — especialmente a vergonha — pode ser uma ferramenta poderosa para evitar cair nesse ciclo destrutivo.
O contraste entre a reação das vítimas e a importância da autogestão emocional me lembrou que muitas vezes, o que precisamos é enfrentar o desconforto da exposição, aceitar nossas falhas e sermos gentis conosco. Esse tipo de reflexão é essencial em um mundo onde, muitas vezes, a manutenção da reputação é colocada acima da saúde emocional.
🍿 A arte imita a vida
Sempre fui muito preocupada com o que as pessoas iriam pensar de mim. Essa necessidade de aprovação externa, por muito tempo, guiou minhas decisões e me impediu de ser autêntica. Embora eu tenha trabalhado muito nesse aspecto, é engraçado como, de vez em quando, ainda me vejo voltando para "esse lugar". Aquela antiga sensação de precisar corresponder às expectativas dos outros surge, e eu preciso conscientemente me lembrar de que meu valor não depende da opinião alheia. Essa jornada de reconhecer e acolher minha vulnerabilidade é contínua e libertadora.
E no fim, quem nunca se pegou pensando "o que vão pensar de mim?" que atire a primeira pedra (mas devagar, por favor). Quando percebo que estou voltando para esse lugar procuro agir com menos drama e mais risadas. Afinal, se tem algo que aprendi é que viver tentando agradar todo mundo é como tentar fazer uma coreografia complicada de dança: cedo ou tarde, você vai pisar no pé de alguém.
Então, que tal abraçar nossas falhas, rir um pouco de nós mesmos e seguir a vida? No final das contas, quem está ocupado julgando, provavelmente está tropeçando em seus próprios passos.
Em algum momento da vida você já se viu priorizando a sua reputação em vez de abraçar sua vulnerabilidade?
🌑 Aproveita o Eclipse
E fica aí com essa reflexão para o nosso “momento autoajuda” de hoje.
Uma das coisas boas que a maturidade traz é a habilidade de ligar o f*da-se pro que os outros pensam, não é mesmo? Verdade que somos socializadas (e isso vale principalmente pras mulheres) pra agradar e pra estar sempre "bem na fita", mas a gente vai ficando mais velha e vendo que isso é uma grande besteira porque, afinal, quem é que liga tanto pro que a gente faz/diz/é? O que vale é estarmos de bem conosco mesmas.
é tão legal quando um artista que a gente admira de longe se revela uma pessoa ainda mais interessante quando a vemos de perto! dá até uma esperança na humanidade. 😅