Quando acreditamos que já vimos de tudo!
Num dia calmo em Pai, você encontra até Kate Perry
Para ouvir enquanto lê:
Parte da trilha sonora de Na Natureza Selvagem, um filme sobre um rapaz que deixa tudo para trás e segue numa road trip pelos Estados Unidos até chegar no Alasca. O filme é baseado no livro de mesmo nome do Jon Krakauer.
De onde escrevo…
Bali tem sido um terreno fértil para questionamentos profundos.
Sinto saudades de casa, embora o conceito de "lar" esteja mais para uma idealização do que para um local geográfico e literal no momento.
Geograficamente, minha residência está no Brasil. No entanto, meu coração pulsa na Espanha, um lugar onde não tenho planos de morar. Estou preparando as malas para uma breve temporada com meu filho em terras espanholas, mas a intenção de fincar raízes por lá não está no script, embora parte de mim pertença àquele lugar, diz o meu DNA.
Além dessas ponderações, surge a questão fundamental: que tipo de vida desejo abraçar daqui em diante?
A vida nômade, que tem sido minha companheira, está querendo uma trégua, mas, ao mesmo tempo, admito que tenho enfrentado desafios ao tentar me reintegrar à sociedade.
A música de Eddie Vedder parece que foi feita para mim nesse momento.
Alguns dias pela frente me garantem mais reflexões sobre esses pontos. Assim é o encerramento de um ciclo, repleto de indagações e mergulhos profundos.
Além disso, não tive a sorte de encontrar o amor em Bali, de acordo com o livro da Liz Gilbert.
Se como diz a palavra em árabe maktub — está escrito — então acho que perdi mais essa oportunidade. Assim como em Bath, em 2019, quando um Siciliano me convidou para tomar café ao seu lado, já que a cafeteria estava lotada num final de tarde de outono. Qualquer dia desses eu compartilho essa história.
Considero-me uma especialista no tema "Desencontros Amorosos". Para ser franca, tenho uma certa preguiça a flertes que comecem com assuntos clichês sobre clima, ou etarismo:
— Está quente hoje, não acha?
— Pensei que você tivesse uns 35 anos.
Se essas duas frases vierem da mesma pessoa, numa única cantada, as chances serão reduzidas a zero.
Bem, com essa abordagem, ele, que não possuía o encanto de um Felipe do "Comer, Rezar, Amar", não tinha chances. Ou, quem sabe, quem tenha perdido a oportunidade tenha sido eu?
Nunca saberemos, meus caros e minhas caras.
Um dia tīpico em Pai
Acordei imersa nas páginas do meu planejamento, com o som das tigelas tibetanas vibrando no ar. Era apenas mais um dia típico em Pai, onde a rotina se desenhava ao ritmo das aulas de yoga, com bois e vacas como espectadores. Artistas entregues às suas práticas, e os journalings espalhados, guardando seus segredos, desabafos e reflexões de autoconhecimento.
Participar de mais uma sessão de breathwork com Andrea, o italiano cativante, foi uma experiência ótima. Suas habilidades como facilitador novamente me levaram a profundas reflexões e processamentos internos.
Na Tailândia, descobri a existência dos Cat Cafés, locais onde, além de saborear sua bebida, você pode desfrutar da companhia e carinho de gatinhos. Encontrei um restaurante desses, com gatinhos, próximo ao hostel, marcando a primeira vez que me aventurava sozinha em busca de comida. Habitualmente, fazia as refeições no hostel. Na maioria das vezes, explorava a Walking Street com a dupla mais que dinâmica, mas naquele dia, reservei um tempo para uma reunião com minha sócia da Escola da Coragem e decidi ficar nas proximidades.
Anoiteceu e o que estava reservado para mim?
Um rolê aleatório com performance da Kate Perry, em dose dupla. Finalmente, uma pequena aventura para encerrar a noite, descalços, por sinal.